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27 setembro 2016

Porque as crianças aprendem mais com contos de fantasia do que com histórias realistas

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Porque as crianças aprendem mais com contos de fantasia do que com histórias realistas

As crianças têm muito o que aprender. Pode se dizer que este é o propósito da infância: garantir às crianças um tempo protegido para que elas possam se concentrar em aprender como se comunicar, como o mundo ao seu redor funciona, que valores sua cultura considera importante e por aí vai. Dada a quantidade massiva de informação que as crianças precisam absorver, pareceria recomendado que eles passassem o máximo possível deste tempo engajadas em estudar seriamente as questões e problemas do mundo.

Ainda assim, qualquer um que já tenha passado tempo ao redor de crianças sabe que elas dificilmente têm a aparência de acadêmicos sérios e focados. Ao invés, as crianças passam muito do seu tempo cantando canções, correndo por aí, fazendo bagunça – isto é, brincando. Para além de participarem da grande alegria de descobrir como a estrutura do real funciona através de suas brincadeiras exploratórias, as crianças (como muitos adultos) também tendem a ser profundamente atraídas por jogos e histórias irreais. Elas fingem ter superpoderes ou habilidades mágicas e imaginam interações com seres impossíveis, como sereias e dragões.

Por muito tempo, tanto pais como pesquisadores supuseram que esses “voos de fantasia” eram, na melhor das hipóteses, inofensivos episódios de diversão – talvez necessários para a descontração de quando em quando, mas sem qualquer propósito real. Na pior das hipóteses, alguns defendiam que tais momentos eram distrações perigosas da importante tarefa de entender o mundo real, ou manifestações de uma confusão pouco saudável sobre a barreira entre realidade e ficção. Mas agora, novos trabalhos no campo da ciência do desenvolvimento mostram que não apenas as crianças são plenamente capazes de separar realidade e ficção, mas também que a atração por situações fantásticas pode na verdade ser bastante útil para o aprendizado.

Porque as crianças aprendem mais com contos de fantasia do que com histórias realistas
Eu me aproximei dessa perspectiva após testar diversas maneiras de ensinar novas palavras ao vocabulário de crianças da educação infantil em programas do Head Start*, na esperança de combater o déficit de linguagem que existe entre crianças de pré-escola de contextos sócio-econômicos altos e baixos. Para fazer meu estudo, minha equipe apresentou novas palavras de vocabulário ao longo de uma atividade de leitura compartilhada, e depois reforçou os significados dessas palavras em sessões de brincadeiras tuteladas por adultos.

A intervenção foi bem-sucedida, e o entendimento das crianças das novas palavras melhorou – o que foi comprovado por testes feitos antes e depois da experiência. Mas o que foi mais interessante para nós foi a diferença entre os dois grupos de crianças deste estudo: aqueles cujas histórias descreviam temas realistas, como cozinhar, e aqueles cujas histórias descreviam temas fantásticos, como dragões. No começo do estudo, publicado em 2015 na revista Cognitive Development, as crianças sabiam menos sobre as palavras dos livros fantásticos, talvez porque tais palavras eram mais desafiadoras. Mas vimos que o conhecimento lexical das crianças aumentou ao longo da intervenção e, nos pós-testes, elas sabiam tanto destas palavras quanto daquelas contidas nas histórias realísticas. Isso é, as crianças ganharam mais conhecimento das histórias fantásticas do que das realísticas.

Essa descoberta é surpreendente uma vez que confronta tudo que sabemos sobre aprendizado e transferência. Um grande montante da literatura na psicologia mostrou que quanto mais próximo o contexto de aprendizagem está do contexto onde a informação será usada, melhor. Isso sugere fortemente que livros realistas deveriam ajudar as crianças a aprender os significados das palavras melhor e reportá-los mais precisamente nos pós-testes. Mas nosso estudo mostrou exatamente o oposto: livros de fantasia, aqueles que eram menos próximos da realidade, permitiram que as crianças aprendessem melhor.

Porque as crianças aprendem mais com contos de fantasia do que com histórias realistas
Em trabalhos mais recentes, nosso laboratório vem replicando este efeito. Um estudo em andamento está descobrindo que as crianças aprendem novos fatos sobre animais melhor a partir de histórias fantásticas do que das realísticas. Outros pesquisadores, usando uma variedade de métodos e medidas, mostraram que representações de eventos aparentemente impossíveis podem ajudar as crianças a aprenderem. Por exemplo, crianças são mais preparadas para aceitar novas informações quando elas são surpreendidas – portanto, quando elas têm quebradas suas suposições sobre o mundo físico. 

O que pode estar acontecendo? Talvez as crianças são mais engajadas e atentas quando elas veem acontecimentos que desafiam seu entendimento de como o real funciona. Afinal, os acontecimentos nessas histórias fantásticas não são coisas que as crianças veem todos os dias. Então talvez elas prestem mais atenção, o que leva a mais aprendizado.

Uma possibilidade diferente – e mais rica – é que há algo sobre contextos fantásticos que é particularmente útil ao aprendizado. De tal perspectiva, a ficção fantástica pode fazer algo mais do que capturar o interesse das crianças melhor que a ficção realista. Em vez disso, a imersão em cenários onde elas precisam pensar sobre situações impossíveis podem engajar processamentos mais profundos, precisamente porque elas não podem tratar tais cenários como fariam com qualquer outra situação que encontram na realidade.

Porque as crianças aprendem mais com contos de fantasia do que com histórias realistas
Elas precisam considerar cada evento com um olhar novo, perguntando se ele cabe no mundo da história e se ele se encaixa nas leis da realidade. Essa necessidade constante de avaliar a história pode gerar circunstâncias bastante próprias para o aprendizado.

Trabalhos futuros irão investigar todas essas possibilidades. Mas, por hora, é importante notar que nossas descobertas podem ter profundas implicações na educação. Mesmo que seja “somente” o fato de que crianças aprendem melhor em contextos fantásticos, porque tais contextos as ajudam a prestar mais atenção, nós podemos usar este fato para fazer melhores materiais didáticos que irão beneficiar todas as crianças.


Artigo de: Deena Skolnick Weisberg - Pesquisadora sênior do departamento de psicologia da Universidade da Pensilvânia. Seus campos de pesquisa incluem o desenvolvimento de uma cognição imaginativa, o papel que a imaginação joga no aprendizado, e pensamento científico e racional em crianças e adultos.

Publicado originalmente em : AEON 


06 setembro 2016

Escritores da Liberdade - Filme e Análise

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Escritores da Liberdade - Filme e Análise
Título Original: Freedom Writers
Elenco:Hilary Swank, Patrick Dempsey, Scott Glenn, Imelda Staunton, April L. Hernandez
Direção: Richard LaGravenese
Gênero: Drama
Estréia: 2007
Sinópse: 
Hilary Swank, duas vezes premiada com o Oscar, atua nessa instigante história, envolvendo adolescentes criados no meio de tiroteios e agressividade, e a professora que oferece o que eles mais precisam: uma voz própria. Quando vai parar numa escola corrompida pela violência e tensão racial, a professora Erin Gruwell combate um sistema deficiente, lutando para que a sala de aula faça a diferença na vida dos estudantes. Agora, contando suas próprias histórias, e ouvindo as dos outros, uma turma de adolescentes supostamente indomáveis vai descobrir o poder da tolerância, recuperar suas vidas desfeitas e mudar seu mundo. Com eletrizantes performances de um elenco de astros, incluindo Scott Glenn (Dia de Treinamento), Imelda Stauton (Harry Potter e a Ordem da Fênix) e Patrick Dempsey (Grey's Anatomy), ganhador do Globo de Ouro. Escritores da Liberdade é basedo no aclamado best-seller O Diário dos Escritores da Liberdade.
Fonte: http://interfilmes.com/filme_16856_Escritores.da.Liberdade-28Freedom.Writers%29.html

Escritores da Liberdade - Filme e Análise

ANÁLISE DO FILME

O filme "Escritores da Liberdade" (Freedom Writers, EUA, 2007), baseado em uma história real, aborda de maneira comovente os desafios da educação, em especial num contexto sócio-econômico problemático.           

A trama inicia-se com a jovem e entusiasta professora Erin Gruwell (Hilary Swank) ingressando, em 1994, na escola Woodrow Wilson (em Long Beach, California), com a incumbência de lecionar literatura e língua inglesa, para a turma da sala 203, formada por alunos de um programa de integração voluntária. Os alunos da sala 203 eram de diferentes nacionalidades, muitos faziam parte de gangues, todos viviam em uma situação socioeconômica muito precária, não se respeitavam entre si ou se interessavam pelos estudos, além de serem alvos de descrédito por parte do corpo docente e da direção da escola, que os acusavam de afastar boa parte dos bons alunos que antes ali estudavam. A maioria dos alunos de tal sala vivia em situação de risco social, sendo que alguns estavam lá apenas como alternativa ao reformatório.

Apesar de enfrentar grandes desafios no início de seu trabalho, em relação à coordenação, aos outros professores e aos próprios alunos, aos poucos Erin ou a Sra. G (como era chamada pela turma) começou a ganhar a confiança dos alunos, e principalmente do Secretário de Educação responsável pela escola. Entre tentativas frustradas e de sucesso, Erin descobre um meio de comunicação muito interessante, que quebra as barreiras raciais, éticas e sociais entre ela e os alunos, sendo possível assim que os alunos da sala 203, tidos como incapazes, começassem a descobrir o mundo da aprendizagem.

O trabalho desta professora foi muito além da sala de aula. Ela possibilitou que seus alunos tivessem outras perspectivas de mundo, por exemplo, visitando o museu do holocausto, possibilitando aos jovens conhecer os efeitos traumáticos da ideologia da “grande gangue” nazista, que provocou a 2ª. Guerra Mundial, e também reconhecer as semelhanças entre esse acontecimento e suas “pequenas gangues” da escola, ou levando-os para jantar em restaurantes finos.

Inspirada no livro “O diário de Anne Frank”, que despertou grande interesse nos alunos, a Sra. G solicitou que cada um escrevesse diariamente em um caderno, não como forma de avaliação, mas sim como um modo de fazer cada um deles pudesse expressar seus sentimentos, aflições, alegrias, desagrados, etc.

O método de ensino e a empatia de Erin resultaram, não só no sucesso acadêmico dos alunos, mas também na mudança de perspectiva de vida de cada um deles, de tal forma que ela passa a ser um fator de proteção para esses adolescentes. A ação pedagógica da Sra. G é inovadora, uma vez que desperta a motivação dos alunos para expressar seus sentimentos, ler, pensar, escrever, e mudar a partir do reconhecimento de que sim, eles são capazes.

Como a história de Erin Gruwell e a sala 203 da escola Woodrow Wilson é real, em 1997, Erin em parceria com os alunos funda a associação “Freedom Writers Fundation” (Associação dos Escritores da Liberdade - http://www.freedomwritersfoundation.org/) e posteriormente publica um livro que reúne os diários escritos por cada um.

Além de ser um filme extremamente envolvente e que leva a uma reflexão sobre desigualdades nas classes sociais, racismo, desestrutura familiar, intolerância ao que é diferente, a funcionalidade de políticas públicas, exclusão social, entre outros, em termos de prevenção à violência o filme faz pensar sobre a escola como fator de proteção e como meio de implementar política de prevenção à violência, seja para pessoas que sofrem ou que fazem uso da violência.

Autora da análise:
Caroline de Macedo Benedito


17 agosto 2016

A Pedagogia do Amor - by Vicente Martins

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A Pedagogia do Amor
O educando, no processo de formação escolar, tem necessidade de amar e compreender. Da mesma forma, o professor, no exercício de seu magistério, tem necessidade de ser amado e ser compreendido.

Assim, a necessidade de amar do aluno e o desejo de ser amado do professor nunca andam separados, são a base de uma relação fraterna e recíproca entre professor e aluno.

Uma criança quanto mais sente que é amada, mais disciplinada estará para receber a ministração das aulas. Onde não há reciprocidade, isto é, o amor do aluno para com o professor e do professor para com seu aluno, não assimilação ativa, não há a razão de ser da educação escolar: o desenvolvimento do educando como pessoa humana.

A nova  Lei de Diretrizes e Bases da da Educação Nacional (LDB),  a Lei 9.394, promulgada em 1996, trouxe as bases do que venho denominando, nos meios acadêmicos, de  Agapedia, a Pedagogia do Amor.

É a LDB que nos oferece os dois mais importantes princípios da Pedagogia do Amor: o respeito à liberdade e o apreço à tolerância,  que são inspirados nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Ambos têm por fim último o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania ativa e sua qualificação para as novas ocupações no mundo do trabalho.

Na educação infantil, a Pedagogia do Amor torna possível o cumprimento do desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, na medida em que o processo didático complementa a ação da família e da comunidade.

No ensino fundamental, a Pedagogia do Amor se dá em dois momentos: no primeiro, no desenvolvimento da capacidade de aprendizagem do educando, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores e, no segundo momento, no fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

No ensino médio, a Pedagogia do Amor se manifesta na medida que nós, professores e futuros professores, aprimoramos o educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.

Na educação superior, há lugar também para a Pedagogia do Amor. Ela se manifesta no momento em que os professores estimulam o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular, os nacionais e regionais. É a Agapedia que leva os alunos à prestação de serviços especializados à comunidade e estabelece com esta uma relação de reciprocidade.


POR: VICENTE MARTINS

Educar - By Rubem Alves

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Educar
Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: “Veja”! - e, ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente.
E, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria - que é a razão pela qual vivemos.
Já li muitos livros sobre psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação – mas, por mais que me esforce não consigo me lembrar de qualquer referência à educação do olhar ou à importância do olhar na educação, em qualquer deles.
A primeira tarefa da educação é ensinar a ver... É através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo.
Os olhos têm de ser educados para que nossa alegria aumente.
A educação se divide em duas partes: educação das habilidades e educação das sensibilidades.
Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido.
Os conhecimentos nos dão meios para viver. A sabedoria nos dá razões para viver.
Quero ensinar as crianças. Elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento: .a capacidade de se assombrar diante do banal.
Para as crianças, tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Coisas que os eruditos não vêem.
Na escola eu aprendi complicadas classificações botânicas, taxonomias, nomes latinos – mas esqueci. Mas nenhum professor jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore... ou para o curioso das simetrias das folhas.
Parece que, naquele tempo, as escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam.
As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos.
O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser “aprendido.” Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.
Quando “a gente abre os olhos, abrem-se as janelas do corpo, e o mundo aparece refletido dentro da gente”.
São as crianças que, sem falar, nos ensinam as razões para viver. Elas não têm saberes a transmitir. “No entanto, elas sabem o essencial da vida.” Quem não muda sua maneira adulta de ver e sentir e não se torna como criança jamais será sábio.


Por: Rubem Alves

07 junho 2016

Por trás de toda criança difícil há uma emoção que ela não sabe expressar

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Por trás de toda criança difícil há uma emoção que ela não sabe expressar
Por trás de toda criança difícil se esconde um caos emocional revestido de ira e até de desobediência, que nunca é fácil de abordar por parte dos pais ou professores.

Em algumas ocasiões, não é mais simples recorrer ao castigo ou às palavras em tons mais fortes, que somente conseguem intensificar ainda mais as emoções negativas, sua frustração e até a sua baixa autoestima.

Nunca poderemos saber por que algumas crianças vêm ao mundo com uma personalidade mais complexa do que outras.

No entanto, longe de buscar uma razão para a personalidade difícil de nossas crianças, devemos entender, simplesmente, que há pessoas que têm mais necessidades, que precisam de mais atenção.

Convidamos a todos a refletir sobre isso.
A criança difícil não escuta, não obedece e costuma reagir de forma desmedida a certas situações. Tudo isso faz com que mergulhemos em um círculo de sofrimento onde o vínculo com esta criança vai sendo carregado de tensões, ansiedade e muitas lágrimas.

Algo que muitos pais e muitas mães costumam fazer é se perguntar por quê? Sou um pai ruim? Estou fazendo algo errado?

Antes de cair nestes estados de abatimento nos quais iremos alimentar ainda mais a frustração, vale a pena colocar em prática estas estratégias.


Assumir que temos um filho mais exigente
Há crianças que crescem sozinhas, que quase sem sabermos o porquê são mais maduras, receptivas e obedientes, ao mesmo tempo em que são independentes.

Por outro lado, é possível que algum dos irmãos desta mesma criança mostre já desde os primeiros meses de vida mais necessidades, e demande mais atenção. São bebês que choram mais do que o normal, que dormem pouco e que vão do riso ao pranto em poucos segundos.
Tudo isso deve nos fazer entender que há crianças “superexigentes”. Elas precisam de mais reforços, mais apoio, palavras e segurança.
Longe de nos culparmos por termos “feito algo errado”, devemos entender que o estilo de criação nem sempre é o responsável por moldar uma criança difícil.
No entanto, é nossa responsabilidade saber dar uma resposta a esta criança exigente e isso requer paciência, esforços e muito carinho.


Lidar com uma criança difícil
Se para os adultos já é difícil poder compreender e controlar nossas emoções, para uma criança exigente isso será ainda mais complicado. Por isso, vale a pena levar em conta primeiro quais necessidades básicas uma criança difícil tem.

A criança difícil busca se sentir reconhecida em cada coisa que faz. São crianças inseguras que precisam de reforços com muita frequência. Quando não os encontram ou não os recebem, elas se frustram e se sentem incompreendidas.
Sua baixa autoestima faz com que elas sintam ciúmes, com que busquem chamar a nossa atenção para se sentirem bem, com que sintam de forma mais intensa emoções como medo e a solidão.
Conforme vão crescendo, a sensação de insegurança pessoal e de falta de reconhecimento se traduz em ira e em reações desproporcionais quando, no fundo, o que existe é apenas medo, tristeza e angústia.
É necessário canalizar estas emoções e oferecer estratégias para que a criança deixe de precisar de tantos reforços externos para se sentir bem. Ela deve ser capaz de controlar seu próprio mundo emocional com a nossa ajuda.
Chaves para ajudar uma criança difícil

Muitos pais e muitas mães não aceitam ou entendem o reforço positivo. No entanto, é necessário ressaltar alguns aspectos sobre esta estratégia educativa. O reforço positivo não consiste em dar um abraço quando uma criança faz algo que não deve. É mais que isso: trata-se de não fazer uso do castigo ou do grito porque, então, iremos produzir uma reação ainda mais negativa na criança.
Devemos nos aproximar da criança para perguntar a ela por que fez o que fez. Com calma, iremos explicar que o ato cometido não é correto, e iremos explicar também o porquê. A seguir, iremos indicar como devemos agir nesta situação. Por último, iremos fazer uso do reforço positivo: “eu confio em você”, “eu sei que você pode fazer melhor do que isso”, “eu te apoio, te amo e espero o melhor de você, não me decepcione”.


Oferecer confiança, dar responsabilidades e estabelecer limites
A criança deve entender desde muito cedo que todos temos limites, e que para ter direitos é preciso cumprir com algumas obrigações. Se os adultos precisarem fazer isso, não haveria motivo para ser diferente no caso das crianças.

É necessário que a criança se acostume a alguns hábitos, a uma rotina e que saiba o que pode esperar de cada momento.
As crianças exigentes precisam de segurança e, se a educarmos em ambientes muito estruturados onde o reforço positivo esteja presente, iremos ajudá-la a se sentir mais tranquila.
Dê a ela confiança, convença-a de que ela é capaz de fazer muitas coisas, anime-a a ter responsabilidades com as quais poderá aumentar a sua autoestima.


A importância da Inteligência Emocional
A Inteligência Emocional deve estar presente na criação de todas as crianças. É necessário ajudá-la a identificar suas emoções e traduzir em palavras o que ela sente.

Desde muito pequenos iremos habituá-los a esta comunicação emocional falando sobre “o que se sente”. Eles precisam saber expressar esta tristeza, a raiva e o medo.

Deste modo ela poderá fazer uso do desabafo emocional mas, para isso, devemos mostrar a elas confiança e proximidade. Jamais os julgue pelo que dizem, e nem ria deles. É necessário ser receptivo e propiciar sempre um diálogo fluido, ameno e cúmplice.


TEXTO ORIGINAL : MELHOR SAÚDE (http://melhorcomsaude.com/)
Postado também no blog "Violetas na minha Janela"

28 março 2016

Atitudes que enfraquecem o vínculo emocional com seus filhos

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Atitudes que enfraquecem o vínculo emocional com seus filhos

1. NÃO OS ESCUTAR
As crianças falam e também perguntam muito. Pegam você de surpresa com mil questionamentos, inúmeras dúvidas e centenas de comentários nos momentos mais inoportunos. Desejam saber, experimentar, querem compartilhar e desejam compreender tudo que acontece diante delas.

Tenha bastante claro que, se você mandar que fiquem quietas, se você as obrigar a ficar em silêncio, ou se não atender suas palavras, respondendo com severidade ou de forma rude, isso fará com que, no curto prazo, a criança deixe de se dirigir a você. E o fará privilegiando seus próprios espaços de solidão, atrás de uma porta fechada que não desejará que você cruze.


2. CASTIGÁ-LOS, TRANSMITINDO-LHES FALTA DE CONFIANÇA
São muitos os pais que relacionam a palavra educação com punição, com proibição, com um autoritarismo firme e rígido em que tudo se impõe e qualquer erro é castigado. Este tipo de conduta educativa resulta em uma falta de autoestima muito clara na criança, uma insegurança e, ao mesmo tempo, uma ruptura do vínculo emocional com eles.

Se castigamos não ensinamos. Se me limito a dizer para a criança tudo o que ela faz de errado, jamais saberá como fazer algo bem. Não dou a ela medidas ou estratégias, limito-me a humilhá-la. E tudo isso gerará nela raiva, rancor e insegurança. Evite sempre esta atitude. 


3. COMPARÁ-LOS E ROTULÁ-LOS
Poucas coisas podem ser mais destrutivas do que comparar um irmão ao outro ou uma criança a outra para ridicularizá-la, para dar a entender suas escassas aptidões, suas falhas, sua pouca iniciativa. Em algumas ocasiões, um erro que muitos pais cometem é falar em voz alta diante das crianças como se elas não os escutassem.

“É que o meu filho não é tão inteligente como o seu, é mais lento, o que se pode fazer”. Expressões como estas são dolorosas e geram neles um sentimento negativo que causará não apenas ódio em relação aos pais, mas um sentimento interior de inferioridade.


4. GRITAR COM ELES E APOIAR-SE MAIS NAS ORDENS DO QUE NOS ARGUMENTOS
Não trataremos aqui de maus tratos físicos, pois acreditamos que não há pior forma de romper o vínculo emocional com uma criança do que cometer este ato imperdoável.

Mas temos de ser conscientes de que existem outros tipos de maus tratos implícitos, quase igualmente destrutivos. É o caso do abuso psicológico, esse no qual se arruína a personalidade da criança por completo, sua autoimagem e a confiança em si mesma.

Há pais e mães que não sabem dirigir-se de outra forma a seus filhos, sendo sempre através de gritos. Levantar a voz sem razão justificável provoca um estado de euforia e estresse contínuo nos filhos; eles não sabem em que se apoiar, não sabem se fizeram algo bom ou mau. Os gritos contínuos enfurecem e fazem mal, já que não há diálogos, apenas ordens e críticas.

Deve-se ter muito cuidado com estes aspectos básicos. O não escutar, o não falar e o não demonstrar abertura, compreensão ou sobrepor a sanção ao diálogo são modos de ir afastando aos poucos as crianças do nosso lado. Elas nos enxergarão como inimigos dos quais devem se defender e romperemos o vínculo emocional com eles.

Educar é uma aventura que dura a vida toda em que ninguém é um verdadeiro especialista. Contudo, basta apoiar-se nos pilares da compreensão, do carinho e em um apego saudável que proporcione a maturidade e a segurança nesta pessoa que é também parte de você.

20 dezembro 2015

Interagir com os filhos

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Interagir com os filhos
Ilustração de Marina Dieul
Pais que não cruzam seu mundo com o dos filhos e só atuam como manuais de regras estão aptos a lidar com máquinas. É preciso criar uma intimidade real com os pequenos, uma empatia verdadeira. A família não pode só criticar comportamentos, apontar falhas. A emoção deve ser transmitida na relação. Os pais devem ser os melhores brinquedos dos seus filhos. A nutrição emocional é importante mesmo que não se tenha tempo, o tempo precisa ser qualitativo. Quinze minutos na semana podem valer por um ano. Pais têm que ser mestres da vida dos filhos. As escolas também precisam mudar. São muito cartesianas, ensinam raciocínio e pensamento lógico, mas se esquecem das habilidades sócio-emocionais.


Augusto Cury

Em vez de apontar falhas, promova os acertos

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Em vez de apontar falhas, promova os acertos
Ilustração de Eugenia Gina
Em vez de apontar falhas, os pais devem promover os acertos. Todos os dias, filhos e alunos têm pequenos acertos e atitudes inteligentes. Pais que só criticam e educadores que só constrangem provocam timidez, insegurança, dificuldade em empreender. Os educadores precisam ser carismáticos, promover os seus educandos. Assim, o filho e o aluno vão ter o prazer de receber o elogio. Isso não tem ocorrido. O ser humano tem apontado comportamentos errados e não promovido características saudáveis.


Augusto Cury

Ser Pais

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Ser Pais
Ilustração de Niki Leonidou
Vejo pais que reclamam de tudo e de todos, não sabem ouvir não, não sabem trabalhar as perdas. São adultos, mas com idade emocional não desenvolvida. Para atuar como verdadeiros mestres, pai e mãe precisam estar equilibrados emocionalmente. Devem desligar o celular no fim de semana e ser pais. Muitos são viciados em smartphones, não conseguem se desconectar. Como vão ensinar os seus filhos e fazer pausas e contemplar a vida? Se os adultos têm o que eu chamo de síndrome do pensamento acelerado, que é viver sem conseguir aquietar e mente, como vão ajudar seus filhos a diminuírem a ansiedade?


Augusto Cury